Por uma cultura da família
Em nossos dias a
família passa por um inverno. Mas ela é indestrutível, porque é um “patrimônio
da humanidade”, e tem seu fundamento em Deus. A família é o ninho da vida, uma
comunidade de pessoas onde acontece a paternidade, a maternidade, a filiação e a
fraternidade. Mas, o que é mesmo a família? É berço da vida e do amor. É o
primeiro lugar de humanização da pessoa e da sociedade. Vejamos as razões de
uma cultura da família.
A família é uma
comunidade de pessoas. É uma aliança, uma opção de vida, um consentimento
marital entre um homem e uma mulher, unidos pelo consenso matrimonial para seu
crescimento pessoal e para a procriação e educação dos filhos. O segredo desta
comunidade é o relacionamento das pessoas. Deus que não vive em solidão, mas em
família, criou o ser humano com este “instinto familiar”, esta vocação social,
esta necessidade grupal. Constituir família é algo natural, espontâneo,
pulsional, instintivo. A família é a concretização do amor que se doa e
transmite vida e amor.
A família é um
tesouro dos povos e civilizações. Não existe cultura sem família, sem vinculo
afetivo, procriativo, educativo. A família é a instituição mais antiga da
humanidade. Constituir família é uma ordem de Deus “deixarás pai e mãe” (Gen 2,
24), e ainda “não é bom ao homem estar só” (Gen 2, 18). Por outro lado,
constituir família, é um direito humano, mais que isso, um instinto primordial
uma necessidade vital, uma exigência social. Os animais têm instinto gregário ,
os humanos têm pulsão familiar.
A pessoa e a
família, são anteriores ao Estado e ao poder civil. A sociedade e o Estado são
para a família.O Estado existe a serviço da pessoa e da família. A dignidade da
pessoa antecede, precede e fundamenta a existência de outras instituições. A
vida, a pessoa, a família são um bem primário e fundamental que antecedem as
outras instituições. Família é uma prioridade social, é a primeira célula de um
corpo, ou seja, da sociedade. Primeira sociedade natural, titular de direitos
próprios.
A família é uma
escola. Desde o útero a família exerce a função educativa, cultural,
humanizadora. Pai e mãe são pontos de referência educacional e a criança
aprende imitando. Crianças e jovens sem família ou com família desestruturada
sofrem na escola, na catequese, no trabalho e fazem os outros sofrer. A família
é indispensável para a serenidade da pessoa, para a organização social e para o
bem comum. Enquanto escola de valores, de fé e amor, a família é um “segundo
útero”.
A família é uma
igreja domestica. A religião, a fé, os mandamentos de Deus, estão vinculados à
família, porque a oração, o perdão, os valores espirituais, muito contribuem na
educação da pessoa, a consistência da família e o bem da sociedade. A dimensão
religiosa é parte integrante da vida humana. A transcendência, os valores
perenes, a comunhão com Deus é um dado cientifico da psicologia junguiana e da
logoterapia de V. Frankl. Deus não é estorvo, nem inimigo do homem. Sem Deus,
construímos um mundo contra o homem. Jesus elevou o matrimonio à dignidade de
sacramento, sinal do amor de Deus pela humanidade. Deus mesmo vive em família.
Ele é o autor do matrimonio, enquanto criador do homem e da mulher.
A família é
sacrário da vida. O amor conjugal e familiar é fecundo e a procriação é um bem
do matrimônio. Assim a família é ninho, berço, sacrário da vida. As pessoas se
casam para crescer, amadurecer, santificar-se e salvar-se. O nascimento dos
filhos e sua educação, além de ser dom de Deus e propagação da espécie humana,
são um bem para a sociedade, pois, a vida é acolhida, amada, respeitada,
desenvolvida desde a fecundação até seu término natural, no seu lugar natural
que é a família.
Dom Orlando
Brandes - Arcebispo de Metropolitano de Londrina
Fonte: www.arqlondrina.com.br
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