14º Congresso Nacional da Pastoral Familiar
O 14º Congresso Nacional da Família começou nesta sexta-feira (26) em São Luís (MA) com o tema “Família, Transmissora da Fé” e o lema “Anunciai a Fé com ousadia e coragem”.
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Tema: “Família, transmissora da Fé” Lema: “Anunciai a Fé com ousadia e coragem” |
Toda a Igreja do
Brasil está representada no evento pela participação de bispos, padres,
coordenadores, agentes de pastorais e assessores.
O A12.com
conversou com Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e Família,
Dom João Carlos Petrini, bispo de Camaçari (BA) que falou sobre a reflexão do
tema do congresso, os desafios da família e o papel dos pais na base familiar.
A12 - Em ações
práticas como a família pode ser a transmissora da fé?
Dom Petrini - A
transmissão da fé realiza-se na família não em forma de catequese, de aulas. As
crianças aprendem observando pai e mãe, imitando suas atitudes e posturas. As
crianças são como esponjas que absorvem o que veem seus pais fazerem.
Imaginamos uma
mulher que passeia com sua criança de dois ou três anos. Para admirada diante
de um pôr do sol maravilhoso. Ela pode comentar com o menino: que maravilha
esta tarde! Como é grande Deus que cria para nós um espetáculo tão belo!
Imaginemos um pai que leva sua criança de dois ou três anos à Igreja antes de
estar lotada. Chega perto do altar, segura a criança nos braços e lhe diz:
Veja, menino, este é Jesus. Está na cruz para manifestar que nos ama. Ele
morreu por nós. Mas agora está vivo, porque ressuscitou. Está vendo aquela luz
na parede? Ele está ali, perto de nós e nos ama.
Imaginemos uma
situação muito mais simples: o pai leva a criança à Igreja e quando entra,
ajoelha-se e faz o sinal da cruz. Mesmo que não dissesse nada, a criança
aprende que ali tem algo ou Alguém, que o pai respeita. O pai poderá pedir à
criança de ajoelhar-se também e de mandar um beijo a Jesus. São situações
inesquecíveis, que valem muito mais do que dezenas de aulas de catequese.
Assim, a
transmissão da fé acontece na família pela postura de fé que as crianças podem
ver nos pais, nas mil circunstâncias do dia. Em algum momento, o filho
perguntará o porquê de certas atitudes, como no livro do Deuteronômio, a
criança pergunta ao pai: “O que são estas leis e estes preceitos que o Senhor
nosso Deus vos deu?” (Dt 6, 20). Um pai cristão poderá dar um testemunho como
este que um amigo deu ao seu filho: “O melhor da vida é esta Presença de Jesus
Cristo, que encontramos muitos anos atrás e que até o momento não desiludiu a
nossa esperança, porque é fonte de paz, de certeza, de amizade, de perdão entre
nós, de abertura ao sofrimento deste mundo. Em suma, Ele é uma riqueza
incomparável para nós. Você também pode percorrer este caminho e seguir você
também, aquilo que eu e tua mãe procuramos seguir!”
A12 - O lema
propõe "Anunciai a Fé com ousadia e coragem", quais os desafios
atuais enfrentados pelas famílias que não as permite anunciar com ousadia e
coragem?
Dom Petrini - Os
maiores desafios que a família hoje enfrenta e que dificulta a transmissão da
fé é a correria dos pais que saem de casa de manhã cedo, voltam em casa, de
noite, cansados, com mil tarefas para cumprir e no reduzido tempo de
convivência com os filhos, raramente explicitam sua fé, ou se dedicam a ensinar
uma oração, ou a reconhecer que as coisas são obra de Deus, que é Pai e
Criador. Mas, a situação pior acontece quando os pais vivem sem a certeza de
que são amados, sem a certeza de que a Presença de Jesus em suas vidas e em sua
família é a realidade mais importante e decisiva, fonte de esperança e de
fortaleza. Quando falta esta certeza, o horizonte se reduz, é as crianças
absorvem a experiência de uma vida dominada pelo vazio. Mesmo que coloquem suas
crianças numa escola católica, será difícil que aquele vazio seja realmente
preenchido.
A12 - A
partir do tema do congresso que reflexão podemos fazer sobre a força do casal
na transmissão da fé?
Dom Petrini - O
espaço primário e insubstituível da relação educativa, especialmente naquilo
que constitui o fundamento da pessoa, as raízes que lhe dão consistência, é a
família. Ela é a possibilidade concreta para cada homem e cada mulher que vêm a
este mundo, de serem introduzidos na realidade total, no significado de tudo,
no Mistério infinito, eterno, onipotente e criador, do qual tudo depende e na
presença de Jesus Cristo, o Filho de Deus vindo na nossa realidade carnal. A Familiaris
Consortio dedica os números de 36 a 40 para recordar esta irrenunciável
dimensão educativa dos pais. Mas, o Direito Canônico (cânone n 1136) afirma:
“Os pais têm o dever gravíssimo e o direito primário de cuidar, segundo as
próprias forças, da educação da prole, quer física, social e cultural, quer
moral e religiosa.”
O Concílio
Vaticano II dedica ao tema uma “Declaração” intitulada “Gravissimum Educationis”
(28/10/1965), na qual é afirmado um estreito vínculo entre o ato generativo e o
ato educativo.
Fonte: a12.com
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