sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Presidente da CNBB

abre consulta às dioceses sobre o Sínodo da Família

"Ficaria muito grato se o senhor promovesse uma consulta ampla com o Povo de Deus da sua diocese para o bom êxito do processo sinodal que se concluirá com a segunda e última etapa do Sínodo sobre a Família, em outubro próximo. Aproveito para pedir as orações de sua diocese para a família e a próxima Assembleia Sinodal", disse o arcebispo de Aparecida (SP) e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), cardeal Raymundo Damasceno Assis, em carta enviada aos bispos do Brasil. Acesse o questionário disponibilizado pelo Vaticano
Dom Raymundo Damasceno
A iniciativa do presidente da CNBB é motivada a partir do comunicado do secretário-geral do Sínodo, cardeal Lorenzo Baldisseri, que pede a realização de "uma ampla consulta com todo o povo de Deus sobre a família segunda a orientação do processo sinodal".
Diante da solicitação da Santa Sé, dom Raymundo Damasceno, também delegado-presidente do Sínodo, pede a contribuição das dioceses do Brasil com a consulta sobre a família.
O texto de trabalho (Instrumentum laboris) da primeira fase do Sínodo, também contou com a colaboração das dioceses de diversos países. A consulta ao povo é um pedido do papa Francisco, que tem incentivado a participação das comunidades nas reflexões do Sínodo. A 3ª Assembleia Extraordinária do Sínodo dos Bispos foi realizada de 5 a 19 de outubro, no Vaticano.
Ouvir o povo
O primeiro dos documentos da 3ª Assembleia Geral Extraordinária do Sínodo dos Bispos, os Lineamenta, além das reflexões, apresenta uma série de perguntas. O objetivo é avaliar o texto produzido pelos bispos e solicitar o aprofundamento do trabalho começado durante a Assembleia. Ao todo, o documento propõe 46 questões para serem refletidas e orientadas a partir de temáticas:
"O contexto sociocultural", "A relevância da vida afetiva", "A família no desígnio salvífico de Deus", "A indissolubilidade do matrimônio e a alegria de viver juntos", "Cura pastoral de quantos vivem no matrimônio civil ou convivem", "A atenção pastoral às pessoas com tendência homossexual", "O desafio da educação e o papel da família na evangelização".
Orientações
No site do Vaticano está disponível o questionário (baixe aqui) que deverá nortear os trabalhos de estudos nas dioceses, sob orientação do bispo local ou responsável. A CNBB irá receber as contribuições e produzirá uma síntese do material coletado nas igrejas particulares. Posteriormente, esse conteúdo será enviado à secretaria geral do Sínodo, responsável em preparar o texto de trabalho para a 14ª Assembleia Geral Ordinária, que ocorrerá de 4 a 25 de outubro próximo, no Vaticano. O tema proposto será "A vocação e a missão da família na Igreja e no mundo contemporâneo".
A secretaria do Sínodo orienta, ainda, que as Conferências Episcopais escolham as modalidades adequadas para produzir as reflexões, conforme orienta o documento. Outra sugestão é que agentes de pastorais das Igrejas particulares e instituições acadêmicas, organizações, movimentos laicais e outras instâncias eclesiais sejam envolvidos no trabalho.
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                                            Fonte: CNBB com informações da Secretaria do Sínodo/Vaticano

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015


Papa: 
"Pais ausentes deixam graves lacunas nos filhos"

Cidade do Vaticano (RV) – Nesta quarta-feira, 28, o Papa Francisco encontrou-se com os fiéis na Sala Paulo VI na audiência geral que concede semanalmente. Retomando o caminho da catequese sobre a família, o tema abordado nesta ocasião foi ‘o pai’. 
A passagem bíblica lida – em várias línguas – no início do encontro, do Evangelho de João, 14,18 (Não vos deixarei órfãos), foi a base da reflexão de Francisco. 
Pai, ontem e hoje
O Pontífice começou analisando que “esta palavra - pai - possui um sentido universal e é muito cara aos cristãos, pois Jesus nos ensinou a chamar assim a Deus e a usava para manifestar a sua relação especial com Ele”. 
Os filhos necessitam de pais presentes
Hoje, porém, sobretudo na cultura ocidental, o conceito de pai parece estar em crise; a figura do pai está simbolicamente ausente. No início, isso foi visto como uma libertação do ‘pai-patrão’, autoritário e censor da felicidade dos filhos. Antigamente, lembrou o Papa, era comum um certo autoritarismo; muitos pais tratavam seus filhos como escravos e não respeitavam sua autonomia, exigências pessoais; não os ajudavam a crescer em liberdade.
Com o tempo, isso foi mudando de um extremo para o outro”, prosseguiu Francisco. O problema hoje não é mais a presença invasiva dos pais, mas a sua ausência: estão ‘foragidos’, concentrados em si mesmos. Deixam sós os filhos pequenos, na sensação de orfandade. O Papa revelou que “quando era Arcebispo de Buenos Aires sentia isso nas crianças e jovens e perguntava a seus pais se tinham tempo para os filhos, se tinham coragem e amor suficientes para brincar ou conversar com eles”.
As consequências
A ausência do pai é muito nociva às crianças e aos jovens, produz lacunas e feridas que podem ser muito graves; e sem perspectivas e valores, eles ficam vazios e propensos a buscarem ídolos que preencham os seus corações”. 
Mas também quando estão em casa, muitas vezes não se comportam como pais, não cumprem o seu papel educativo, não dão a seus filhos, com seu exemplo, os princípios, valores e regras de vida de que precisam”. 
Pais 'deslocados'
Em certos casos – disse ainda – os pais não sabem bem que lugar ocupam na família e, na dúvida, se abstêm ou optam por uma relação ‘de igual para igual’ com os filhos. “É verdade que se deve ser companheiros dos filhos, mas sem se esquecer que se é pai, né?”.
Sua ausência deixa os jovens sem estradas seguras, sem mestres nos quais confiar. Ficam órfãos de ideais que lhes aqueçam os corações, órfãos de valores e de esperanças que os amparem no dia a dia. São preenchidos de ídolos, mas lhes é roubado o coração, são levados a sonhar divertimentos e prazeres, mas não lhes dá a chance de trabalhar, são iludidos com o deus-dinheiro e privados das verdadeiras riquezas”. 
Por isso, mais do que nunca, Francisco lembrou a promessa de Jesus: «Não vos deixarei órfãos». Somente através de Cristo a paternidade pode realizar todas as suas potencialidades segundo o plano de Deus, nosso Pai. 
E terminando, esclareceu que desta vez, abordou exclusivamente as problemáticas derivadas da ausência da figura paterna; sendo um pouco ‘negativo’. Mas prometeu que na próxima quarta-feira, será analisada a beleza de ser pai e da luminosidade desta condição. "Da escurdião de hoje, passarei à luz"
No final do encontro, Francisco saudou os grupos presentes, inclusive os fiéis e pastores de Brasília, e concedeu a todos a sua bênção apostólica. (CM)
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                                                                                          Fonte: radiovaticana.va
Assista ao vídeo da catequese do Papa com tradução da Rádio Vaticano:


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terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Vale a pena conferir

Curso de Especialização em Família é oferecido no Brasil

Idealizado pelo Pontifício Instituto João Paulo II para Estudos sobre Matrimônio e Família, seção brasileira, o "Curso de Especialização em Família - Relações Familiares e Contexto Social" abre inscrições para o processo seletivo de candidatos. O início das aulas está previsto para 6 de março próximo. Acesse e conheça mais sobre o curso.
Tudo pela Família
A Especialização Lato Sensu é referência em estudos sobre a família no Brasil, oferecida pelo Programa de Pós-Graduação em Família na Sociedade Contemporânea da Universidade Católica de Salvador (UCSal), coordenado pelo bispo de Camaçari (BA) e presidente da Comissão para a Vida e a Família da CNBB, dom João Carlos Petrini - doutor em Ciências Políticas pela PUC/SP. A coordenação acadêmica está sob a responsabilidade da mestre em Família, professora Ariane Vieira Leite.
De acordo com a coordenação geral, a proposta do curso consiste em identificar e discutir as interfaces entre as diversas áreas das ciências humanas ligadas ao estudo da família, entendida em seu aspecto biopsicosocial e em repercussões para as políticas públicas. O objetivo é capacitar o profissional para uma atuação ética voltada para a promoção da família.
O curso é destinado aos graduados em cursos das Ciências Humanas, Sociais e de Saúde, cujo interesse seja a articulação sistemática e multidisciplinar acerca do objeto família ou que desejem se familiarizar com métodos, semântica e sintaxes adequadas ao tratamento do objeto-família.
Metolodogia e conteúdos
O Curso conta com corpo docente especializado, composto por mestres e doutores de renomadas universidades brasileiras e internacionais. A formação terá duração de 18 meses, com aulas quinzenais às sextas-feiras à noite e aos sábados pela manhã, no total de 11h/aula por final de semana. As disciplinas obrigatórias e a Orientação de Trabalho Final do Curso resultam em carga horária de 407h.
Disciplinas oferecidas
Família e sociedade, Família e desenvolvimento humano, Família no direito contemporâneo, Família e subjetividades, Conjugalidade contemporânea, Família, saúde e relações intergeracionais, Família: lugar da socialização e educação, Juventudes e vulnerabilidades , Políticas públicas e família, Teologia do matrimônio e da família, Mediação de conflitos familiares, Família, vida e biotecnologias, Antropologia da família, Metodologia de pesquisa, Tópicos Especiais em Família.
Outras informações com o Instituto da Família: (71) 3245-3008 / 3245-3078
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                                                  Fonte: cnpf.org.br

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Papa à Rota:

A Igreja conhece o sofrimento das famílias


Cidade do Vaticano (RV) – O Papa Francisco aproveitou a inauguração do Ano judiciário da Rota Romana para oferecer uma reflexão sobre o contexto humano e cultural no qual hoje são realizados tantos matrimônios.
A crise de valores na sociedade não é certamente um fenômeno recente, reconhece Francisco, já o Beato Paulo VI, estigmatizava as doenças do homem moderno “tornado vulnerável por um relativismo sistemático… assim que exteriormente tenta impugnar a “majestade da lei”, e interiormente substitui o império da consciência moral pelo capricho da consciência psicológica”.
De fato, continua Francisco, o abandono de uma perspectiva de fé floresce inevitavelmente em um falso conhecimento do matrimônio, que não deixar de ter consequências no amadurecimento da vontade nupcial. E a Igreja conhece o sofrimento de muitos núcleos familiares que se desintegram, deixando atrás de si as ruínas de relações afetivas, de projetos, de expectativas comuns.
Francisco com membros do Tribunal Pontifício
O juiz é chamado a fazer a sua análise judicial quando há dúvida sobre a validade do matrimônio, para constatar se há um vício na origem do consenso, seja diretamente pelo defeito de válida intenção, seja por grave deficiência na compreensão do matrimônio mesmo que determine a vontade.
A crise do matrimônio, de fato, não raramente tem a sua raiz na crise de conhecimento da fé, isto é, da adesão a Deus e ao seu projeto de amor realizado em Jesus Cristo.
A experiência pastoral nos ensina que hoje há um grande número de fiéis em situação irregular, e que sua história sofreu um forte influxo da difusa mentalidade mundana que leva a perseguir, ao invés da glória do Senhor, o bem-estar pessoal.
Um dos frutos de tal comportamento é “uma fé fechada no subjetivismo, onde interessa unicamente uma determinada experiência ou uma série de raciocínios e conhecimentos que se acredita podem confortar e iluminar, mas onde o sujeito em definitiva permanece fechado na imanência da sua própria razão ou de seus sentimentos”.
Por isso afirma o Papa, “o juiz, ao ponderar a validade do consenso expresso, deve levar em conta o contexto de valores e de fé – ou da sua carência ou ausência – na qual a intenção matrimonial se formou. De fato, o não conhecimento dos conteúdos da fé poderia levar ao que o Código chama erro determinante da vontade. Esta eventualidade não deve ser vista mais como algo essencial como no passado. Tal erro não ameaça somente a estabilidade do matrimônio, a sua exclusividade e fecundidade, mas leva os nubentes “à reserva mental sobre a mesma permanência da união, ou a sua exclusividade, que viria a faltar se a pessoa amada não realizasse mais as próprias expectativas de bem-estar afetivo”.
Gostaria, portanto, de exortar os senhores a um maior e apaixonado compromisso no seu ministério, na tutela da unidade da jurisprudência na Igreja. Quanto trabalho pastoral pelo bem de tantos casais, e de tantos filhos, muitas vezes vítimas desses eventos! Também aí, há necessidade de uma conversão pastoral das estruturas eclesiásticas, para oferecer o “opus iustitiae” àqueles que se dirigem à Igreja para esclarecer a sua situação conjugal.
Eis a sua difícil missão, como de todos os juízes nas dioceses: não fechar a salvação das pessoas dentro de amarras do "jurisdicismo". A função do direito é orientada à “salus animarum” com a condição de que, evitando sofismas distantes da carne viva das pessoas em dificuldade, ajudem a estabelecer a verdade no momento do consenso: se isso foi fiel a Cristo ou à mentirosa mentalidade mundana.
Enfim, para favorecer um real acesso de todos os fiéis à justiça da Igreja, o Papa indica a necessária presença junto a todo Tribunal eclesiástico de pessoas competentes que prestem solícitos conselhos sobre a possibilidade de introduzir uma causa de nulidade matrimonial segundo os padrões estabelecidos, retribuídos pelos mesmos tribunais, que exercem a função de advogados. E conclui o seu discurso com um dado positivo: um relevante número de causas junto à Rota Romana é de gratuito patrocínio em favor de partes que, por causa das suas difíceis condições econômicas, não podem pagar um advogado. (SP)
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                                                                                          Fonte: radiovaticana.va

Papa indica a família como

"escola" de comunicação


Cidade do Vaticano (RV) – O Papa Francisco dedicou a mensagem do 49º Dia Mundial das Comunicações Sociais ao tema da família, que se encontra no centro de uma profunda reflexão eclesial e de um processo sinodal. “Comunicar a família: ambiente privilegiado do encontro na gratuidade do amor” é o tema da mensagem, que foi publicada esta sexta-feira (23/01), vigília da festa de São Francisco de Sales, padroeiro dos comunicadores.
No texto, Francisco recorda que a família é o primeiro lugar onde aprendemos a comunicar. E o ventre materno é a primeira “escola” de comunicação, feita de escuta e contato corporal. Mesmo depois de termos chegado ao mundo, em certo sentido permanecemos num “ventre”, que é a família. Um ventre feito de pessoas diferentes, interrelacionando-se: a família é o espaço onde se aprende a conviver na diferença: diferenças de gêneros e de gerações. É nela que aprendemos ainda outra forma fundamental de comunicação, que é a oração.
Família perfeita
A família é, sobretudo, a capacidade de se abraçar, apoiar, acompanhar, decifrar olhares e silêncios, rir e chorar juntos, entre pessoas que não se escolheram e, todavia, são tão importantes uma para a outra…”, acrescenta Francisco, ressaltando ainda que é entre os nossos familiares que se experimentam as limitações próprias e alheias, os pequenos e grandes problemas da coexistência.
A família deve ser uma escola de perdão
Não existe a família perfeita, mas não é preciso ter medo da imperfeição, da fragilidade, nem mesmo dos conflitos; preciso é aprender a enfrentá-los de forma construtiva. Por isso, a família onde as pessoas, apesar das próprias limitações e pecados, se amam, torna-se uma escola de perdão.” A propósito de limitações e comunicação, para o Papa, as famílias com filhos com deficiências têm muito a ensinar, pois recebem um estímulo para se abrir, compartilhar e comunicar de modo inclusivo.
Em um mundo onde frequentemente se amaldiçoa, insulta, semeia discórdia, polui com as murmurações o nosso ambiente humano, Francisco aponta a família como uma escola de comunicação feita de bênção. “Abençoar em vez de amaldiçoar, visitar em vez de repelir, acolher em vez de combater é a única forma de quebrar a espiral do mal”, escreve ele.
Novas tecnologias
O Pontífice adverte ainda para as novas tecnologias que podem se tornam uma forma de se subtrair à escuta, de se isolar, de saturar todo o momento de silêncio. Também neste campo, escreve o Papa, os primeiros educadores são os pais. “Mas não devem ser deixados sozinhos; a comunidade cristã é chamada a colocar-se ao seu lado, para que saibam ensinar os filhos a viver segundo os critérios da dignidade da pessoa humana e do bem comum.”
Francisco então conclui: “A família mais bela, protagonista e não problema, é aquela que, partindo do testemunho, sabe comunicar a beleza e a riqueza do relacionamento entre o homem e a mulher, entre pais e filhos. Não lutemos para defender o passado, mas trabalhemos com paciência e confiança, em todos os ambientes onde diariamente nos encontramos, para construir o futuro”.
Dia Mundial das Comunicações Sociais é celebrado todos os anos na solenidade da Ascensão do Senhor, que este ano é no dia 17 de maio. (BF)
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Íntegra da Mensagem do Papa para o 49º Dia Mundial das Comunicações Sociais
Tema:
Comunicar a família: ambiente privilegiado do encontro na gratuidade do amor

O tema da família encontra-se no centro duma profunda reflexão eclesial e dum processo sinodal que prevê dois Sínodos, um extraordinário – acabado de celebrar – e outro ordinário, convocado para o próximo mês de Outubro. Neste contexto, considerei  oportuno que o tema do próximo Dia Mundial das Comunicações Sociais tivesse como ponto de referência a família. Aliás, a família é o primeiro lugar onde aprendemos a comunicar. Voltar a este momento originário pode-nos ajudar quer a tornar mais autêntica e humana a comunicação, quer a ver a família dum novo ponto de vista.
Podemos deixar-nos inspirar pelo ícone evangélico da visita de Maria a Isabel (Lc 1, 39-56). «Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, o menino saltou-lhe de alegria no seio e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. Então, erguendo a voz, exclamou: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre”» (vv. 41-42).
Na família, vive-se a alegria genuína
Este episódio mostra-nos, antes de mais nada, a comunicação como um diálogo que tece com a linguagem do corpo. Com efeito, a primeira resposta à saudação de Maria é dada pelo menino, que salta de alegria no ventre de Isabel. Exultar pela alegria do encontro é, em certo sentido, o arquétipo e o símbolo de qualquer outra comunicação, que aprendemos ainda antes de chegar ao mundo. O ventre que nos abriga é a primeira «escola» de comunicação, feita de escuta e contacto corporal, onde começamos a familiarizar-nos com o mundo exterior num ambiente protegido e ao som tranquilizador do pulsar do coração da mãe. Este encontro entre dois seres simultaneamente tão íntimos e ainda tão alheios um ao outro, um encontro cheio de promessas, é a nossa primeira experiência de comunicação. E é uma experiência que nos irmana a todos, pois cada um de nós nasceu de uma mãe.
Mesmo depois de termos chegado ao mundo, em certo sentido permanecemos num «ventre», que é a família. Um ventre feito de pessoas diferentes, interrelacionando-se: a família é «o espaço onde se aprende a conviver na diferença» (Exort. ap. Evangelii gaudium, 66). Diferenças de géneros e de gerações, que comunicam, antes de mais nada, acolhendo-se mutuamente, porque existe um vínculo entre elas. E quanto mais amplo for o leque destas relações, tanto mais diversas são as idades e mais rico é o nosso ambiente de vida. O vínculo está na base da palavra, e esta, por sua vez, revigora o vínculo. Nós não inventamos as palavras: podemos usá-las, porque as recebemos. É em família que se aprende a falar na «língua materna», ou seja, a língua dos nossos antepassados (cf. 2 Mac 7, 21.27). Em família, apercebemo-nos de que outros nos precederam, nos colocaram em condições de poder existir e, por nossa vez, gerar vida e fazer algo de bom e belo. Podemos dar, porque recebemos; e este circuito virtuoso está no coração da capacidade da família de ser comunicada e de comunicar; e, mais em geral, é o paradigma de toda a comunicação.
A experiência do vínculo que nos «precede» faz com que a família seja também o contexto onde se transmite aquela forma fundamental de comunicação que é a oração. Muitas vezes, ao adormecerem os filhos recém-nascidos, a mãe e o pai entregam-nos a Deus, para que vele por eles; e, quando se tornam um pouco maiores, põem-se a recitar juntamente com eles orações simples, recordando carinhosamente outras pessoas: os avós, outros parentes, os doentes e atribulados, todos aqueles que mais precisam da ajuda de Deus. Assim a maioria de nós aprendeu, em família, a dimensão religiosa da comunicação, que, no cristianismo, é toda impregnada de amor, o amor de Deus que se dá a nós e que nós oferecemos aos outros.
Na família, é sobretudo a capacidade de se abraçar, apoiar, acompanhar, decifrar olhares e silêncios, rir e chorar juntos, entre pessoas que não se escolheram e todavia são tão importantes uma para a outra… é sobretudo esta capacidade que nos faz compreender o que é verdadeiramente a comunicação enquanto descoberta e construção de proximidade. Reduzir as distâncias, saindo mutuamente ao encontro e acolhendo-se, é motivo de gratidão e alegria: da saudação de Maria e do saltar de alegria do menino deriva a bênção de Isabel, seguindo-se-lhe o belíssimo cântico do Magnificat, no qual Maria louva o amoroso desígnio que Deus tem sobre Ela e o seu povo. De um «sim» pronunciado com fé, derivam consequências que se estendem muito para além de nós mesmos e se expandem no mundo. «Visitar» supõe abrir as portas, não encerrar-se no próprio apartamento, sair, ir ter com o outro. A própria família é viva, se respira abrindo-se para além de si mesma; e as famílias que assim procedem, podem comunicar a sua mensagem de vida e comunhão, podem dar conforto e esperança às famílias mais feridas, e fazer crescer a própria Igreja, que é uma família de famílias.
Mais do que em qualquer outro lugar, é na família que, vivendo juntos no dia-a-dia, se experimentam as limitações próprias e alheias, os pequenos e grandes problemas da coexistência e do pôr-se de acordo. Não existe a família perfeita, mas não é preciso ter medo da imperfeição, da fragilidade, nem mesmo dos conflitos; preciso é aprender a enfrentá-los de forma construtiva. Por isso, a família onde as pessoas, apesar das próprias limitações e pecados, se amam, torna-se uma escola de perdão. O perdão é uma dinâmica de comunicação: uma comunicação que definha e se quebra, mas, por meio do arrependimento expresso e acolhido, é possível reatá-la e fazê-la crescer. Uma criança que aprende, em família, a ouvir os outros, a falar de modo respeitoso, expressando o seu ponto de vista sem negar o dos outros, será um construtor de diálogo e reconciliação na sociedade.
Muito têm para nos ensinar, a propósito de limitações e comunicação, as famílias com filhos marcados por uma ou mais deficiências. A deficiência motora, sensorial ou intelectual sempre constitui uma tentação a fechar-se; mas pode tornar-se, graças ao amor dos pais, dos irmãos e doutras pessoas amigas, um estímulo para se abrir, compartilhar, comunicar de modo inclusivo; e pode ajudar a escola, a paróquia, as associações a tornarem-se mais acolhedoras para com todos, a não excluírem ninguém.
Além disso, num mundo onde frequentemente se amaldiçoa, insulta, semeia discórdia, polui com as murmurações o nosso ambiente humano, a família pode ser uma escola de comunicação feita de bênção. E isto, mesmo nos lugares onde parecem prevalecer como inevitáveis o ódio e a violência, quando as famílias estão separadas entre si por muros de pedras ou pelos muros mais impenetráveis do preconceito e do ressentimento, quando parece haver boas razões para dizer «agora basta»; na realidade, abençoar em vez de amaldiçoar, visitar em vez de repelir, acolher em vez de combater é a única forma de quebrar a espiral do mal, para testemunhar que o bem é sempre possível, para educar os filhos na fraternidade.
Na família, constrói-se o futuro de paz
Os meios mais modernos de hoje, irrenunciáveis sobretudo para os mais jovens, tanto podem dificultar como ajudar a comunicação em família e entre as famílias. Podem-na dificultar, se se tornam uma forma de se subtrair à escuta, de se isolar apesar da presença física, de saturar todo o momento de silêncio e de espera, ignorando que «o silêncio é parte integrante da comunicação e, sem ele, não há palavras ricas de conteúdo» (BENTO XVI, Mensagem do XLVI Dia Mundial das Comunicações Sociais, 24/1/2012); e podem-na favorecer, se ajudam a narrar e compartilhar, a permanecer em contacto com os de longe, a agradecer e pedir perdão, a tornar possível sem cessar o encontro. Descobrindo diariamente este centro vital que é o encontro, este «início vivo», saberemos orientar o nosso relacionamento com as tecnologias, em vez de nos deixarmos arrastar por elas. Também neste campo, os primeiros educadores são os pais. Mas não devem ser deixados sozinhos; a comunidade cristã é chamada a colocar-se ao seu lado, para que saibam ensinar os filhos a viver, no ambiente da comunicação, segundo os critérios da dignidade da pessoa humana e do bem comum.
Assim o desafio que hoje se nos apresenta, é aprender de novo a narrar, não nos limitando a produzir e consumir informação, embora esta seja a direcção para a qual nos impelem os potentes e preciosos meios da comunicação contemporânea. A informação é importante, mas não é suficiente, porque muitas vezes simplifica, contrapõe as diferenças e as visões diversas, solicitando a tomar partido por uma ou pela outra, em vez de fornecer um olhar de conjunto.
No fim de contas, a própria família não é um objeto acerca do qual se comunicam opiniões nem um terreno onde se combatem batalhas ideológicas, mas um ambiente onde se aprende a comunicar na proximidade e um sujeito que comunica, uma «comunidade comunicadora». Uma comunidade que sabe acompanhar, festejar e frutificar. Neste sentido, é possível recuperar um olhar capaz de reconhecer que a família continua a ser um grande recurso, e não apenas um problema ou uma instituição em crise. Às vezes os meios de comunicação social tendem a apresentar a família como se fosse um modelo abstracto que se há-de aceitar ou rejeitar, defender ou atacar, em vez duma realidade concreta que se há-de viver; ou como se fosse uma ideologia de alguém contra outro, em vez de ser o lugar onde todos aprendemos o que significa comunicar no amor recebido e dado. Ao contrário, narrar significa compreender que as nossas vidas estão entrelaçadas numa trama unitária, que as vozes são múltiplas e cada uma é insubstituível.
A família mais bela, protagonista e não problema, é aquela que, partindo do testemunho, sabe comunicar a beleza e a riqueza do relacionamento entre o homem e a mulher, entre pais e filhos. Não lutemos para defender o passado, mas trabalhemos com paciência e confiança, em todos os ambientes onde diariamente nos encontramos, para construir o futuro.
Vaticano, 23 de Janeiro – Vigília da Festa de São Francisco de Sales – de 2015.
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                                                  Fonte: radiovaticana.va

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Curso de Especialização em Família é oferecido no Brasil

Idealizado pelo Pontifício Instituto João Paulo II para Estudos sobre Matrimônio e Família, seção brasileira, o "Curso de Especialização em Família - Relações Familiares e Contexto Social" abre inscrições para o processo seletivo de candidatos. O início das aulas está previsto para 6 de março próximo. Acesse e conheça mais sobre o curso.
Tudo pela Família
A Especialização Lato Sensu é referência em estudos sobre a família no Brasil, oferecida pelo Programa de Pós-Graduação em Família na Sociedade Contemporânea da Universidade Católica de Salvador (UCSal), coordenado pelo bispo de Camaçari (BA) e presidente da Comissão para a Vida e a Família da CNBB, dom João Carlos Petrini - doutor em Ciências Políticas pela PUC/SP. A coordenação acadêmica está sob a responsabilidade da mestre em Família, professora Ariane Vieira Leite.
De acordo com a coordenação geral, a proposta do curso consiste em identificar e discutir as interfaces entre as diversas áreas das ciências humanas ligadas ao estudo da família, entendida em seu aspecto biopsicosocial e em repercussões para as políticas públicas. O objetivo é capacitar o profissional para uma atuação ética voltada para a promoção da família.
O curso é destinado aos graduados em cursos das Ciências Humanas, Sociais e de Saúde, cujo interesse seja a articulação sistemática e multidisciplinar acerca do objeto família ou que desejem se familiarizar com métodos, semântica e sintaxes adequadas ao tratamento do objeto-família.
Metolodogia e conteúdos
O Curso conta com corpo docente especializado, composto por mestres e doutores de renomadas universidades brasileiras e internacionais. A formação terá duração de 18 meses, com aulas quinzenais às sextas-feiras à noite e aos sábados pela manhã, no total de 11h/aula por final de semana. As disciplinas obrigatórias e a Orientação de Trabalho Final do Curso resultam em carga horária de 407h.
Disciplinas oferecidas
Família e sociedade, Família e desenvolvimento humano, Família no direito contemporâneo, Família e subjetividades, Conjugalidade contemporânea, Família, saúde e relações intergeracionais, Família: lugar da socialização e educação, Juventudes e vulnerabilidades , Políticas públicas e família, Teologia do matrimônio e da família, Mediação de conflitos familiares, Família, vida e biotecnologias, Antropologia da família, Metodologia de pesquisa, Tópicos Especiais em Família.
Outras informações com o Instituto da Família: (71) 3245-3008 / 3245-3078

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