O que fazer?
Está para ser
aberta a 3ª assembleia extraordinária do Sínodo dos Bispos, com o tema: “Os
desafios pastorais da família no contexto atual da evangelização”. Sendo
extraordinária, essa assembleia terá como principais participantes os cerca de
120 presidentes das conferências episcopais de todo o mundo. Mas também contará
com um bom número de outros membros, convidados pelo Papa Francisco. Ao todo,
serão cerca de 250 pessoas.
O Papa, como
presidente dessa assembleia eclesial, ficará em silêncio a maior parte do
tempo... Ele convocou a reunião para ouvir a Igreja, que falará através dos
seus representantes; depois da assembleia sinodal, ele dará sua palavra a toda
a Igreja, tendo em conta aquilo que ouviu e de acordo com seu carisma de
“pastor universal e mestre da fé”, que confirma os irmãos no caminho da fé e da
moral cristã.
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Rezemos pelo Sínodo e pela Família |
Os trabalhos
serão conduzidos por um trio de cardeais, que serão presidentes “delegados”.
Entre eles, também, Dom Raymundo, presidente da CNBB. Outros dois participantes
terão papel relevante: o Relator, que apresentará o tema e as questões
principais submetidas à reflexão dos participantes, já no início dos trabalhos;
e o Secretário Especial, que recolherá a síntese das reflexões, organizando-as
de maneira que possam ser votadas.
Serão duas
semanas de trabalhos, de 5 a 19 de outubro, de manhã e à tarde. Na primeira
semana, o tempo quase todo será de intervenções individuais dos participantes,
que terão cinco minutos para falar sobre algum aspecto do tema. Na segunda
semana, haverá trabalhos de grupos, para a elaboração de sínteses e de
propostas que, antes do encerramento, serão votadas. O trabalho é intenso, mas
interessante.
Ao saberem de
minha participação na assembleia sinodal, muitas pessoas me perguntam sobre os
frutos deste Sínodo: o que esperar, diante dos desafios pastorais da família? A
Igreja modificará sua doutrina em relação ao casamento e à família? É bem
compreensível que se espere por algum fruto, depois de tanto trabalho! Mas qual
poderá ser esse fruto?
Não
queiramos colher o fruto antes de amadurecer... O Papa Francisco pede muita
oração, para que o Espírito Santo ilumine os trabalhos do Sínodo e as decisões
da Igreja em relação à família. Que Deus manifeste sua vontade e a Igreja lhe
seja dócil, tomando as decisões certas. Mesmo assim, arrisco fazer alguns
prognósticos sobre eventuais frutos do Sínodo.
O primeiro fruto
vem de um claro sinal: a Igreja de Cristo não abandona a família, mesmo em meio
às desorientações da cultura contemporânea; ela está ao seu lado, continua a
defender e valorizar essa instituição humana, que tem muito a ver com o
desígnio de Deus; continua a estimular e encorajar os seus membros na vivência
dos valores da família e do casamento. E também continua a dar sua orientação
sobre a família à comunidade humana.
Haverá um
esforço de “compreensão misericordiosa” diante das numerosas situações de
“fracasso” do Matrimônio; a pastoral jurídica, mediante os tribunais
eclesiásticos e outros serviços de assistência canônica aos casais, deverá
crescer muito nos próximos anos. É possível que sejam revistas normas
processuais sobre questões de nulidade matrimonial, inclusive para agilizar e
tornar mais acessíveis esses serviços.
Certamente,
o Sínodo vai apontar para uma renovada vivência da mística matrimonial e
familiar, a partir do Evangelho; vai apontar para a necessidade da boa
preparação dos jovens ao Matrimônio cristão, da Pastoral Familiar vigorosa no
contexto da vivência da fé e da prática da vida cristã; vai valorizar a família
como “célula básica” da sociedade e da Igreja e sua importância para a pessoa e
a comunidade humana, em geral.
A Igreja vai
abençoar o divórcio neste Sínodo? Vai homologar o amor livre e as uniões
esporádicas e descompromissadas? Vai “convalidar” as uniões de pessoas do mesmo
sexo, como se fossem verdadeiros casamentos? Eu não apostaria nessa direção.
Ninguém espere que a Igreja vai assinar uma espécie de “rendição” e de renúncia
às suas convicções diante das pressões que sofre de vários lados...
Por outro lado,
tenho a certeza de que o Sínodo apontará caminhos para que a Igreja continue a
ser portadora da Boa-Nova a todos, mesmo aos que vivem as situações humanas,
matrimoniais e familiares mais complicadas e contraditórias; a Igreja procurará
ser coerente com a atitude de Jesus, que convidava a todos a receberem a
Boa-Nova da salvação, a se converterem aos caminhos de Deus... Ao mesmo tempo,
ele também ia atrás da ovelha perdida, veio para os doentes, mais do que para
os sãos e robustos; para os pecadores, mais que para os justos...
Ninguém pode ser
excluído, a priori, da Boa-Nova da salvação, da qual a Igreja é porta-voz. Esta
é a questão de fundo: diante das questões difíceis da família no contexto
atual, como evangelizar? Como continuar a fazer como Jesus fez?
Cardeal Odilo
Pedro Scherer - Arcebispo de São Paulo
Fonte: a12.com
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